segunda-feira, 20 de setembro de 2010

para além dos olhos


«Quando penso naquele período de quase uma década em que trabalhei como repórter no então jornal de maior circulação da Paraíba, sinto como se houvesse ultrapassado uma convenção, uma fronteira; como se houvesse escalado um monte muito alto, para perceber o mundo à minha volta por sobre a estreita cúpula de pedra.
Só hoje tenho consciência do que fiz, em todos aqueles anos em que dactilografava os acontecimentos cotidianos da minha cidade, do meu país; por baixo do texto objectivo, de parágrafos curtos, insinuava-se uma outra escrita: um outro texto que dizia que cegueira e jornalismo não são incompatíveis; uma outra gramática de relações em que dialogavam o Braille, a dactilografia e a linguagem jornalística na construção dos furos de reportagem que então fui capaz de produzir

Joana Belarmino 

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